A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) e da São Paulo Obras (SP Obras), lançou a Pedra Fundamental do 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (Centro TEA) no antigo CE Santaninha - Av. Santos Dumont, 1318, zona Norte.
O lançamento marca o início das obras do 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo, o qual tem, como objetivo, a promoção da inclusão e acolhimento de quem está no espectro, bem como de seus familiares. Sua inauguração está prevista para novembro deste ano.
A data escolhida para marcar este momento na cidade de São Paulo é o Dia Internacional da Mulher, designada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a finalidade de lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. O Centro TEA possui diversos propósitos e um deles é trazer dignidade para a vida de quem cuida, que sãoprincipalmente as mulheres.
“Essa é uma data muito importante pois teremos o primeiro Centro TEA da cidade de São Paulo e da América Latina. Serão 20 mil atendimentos por mês em um serviço de excelência para as pessoas com transtorno do espectro autista, e, também, para as mães”, contou o prefeito Ricardo Nunes.
A SPObras, vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), é a responsável por executar programas, projetos e obras definidos pela Administração Municipal. Ela possui a gerência e a licitação do contrato do espaço. A construtora que ficará encarregada de construir o Centro TEA, com o prazo de execução de oito meses e de vigência, 11 meses, é a Lemam Construções e Comércio S.A, no valor de R$ 38.760.838,84 (trinta e oito milhões, setecentos e sessenta mil, oitocentos e trinta e oito reais e oitenta e quatro centavos).
“Estamos testemunhando um marco histórico na cidade de São Paulo. A data de hoje sinaliza não só o anúncio de mais uma obra das mais de 1.300 que acontecem aqui na cidade, mas um anúncio da inclusão, do acolhimento, da autonomia”, destacou o diretor-presidente da SP Obras, Taka Yamauchi.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) reúne desordens do desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. As pessoas dentro desse espectro podem apresentar dificuldades na comunicação ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Pessoas com autismo partilham destas dificuldades, mas cada um deles será afetado em intensidades diferentes, o que resultará em situações bem particulares mas que acompanham a pessoa por todas as etapas da vida.
Com o olhar para este público, a Prefeitura de São Paulo implementou, como parte de seu Programa de Metas, a Meta 21, a criação do 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo em adição a outras iniciativas — como adquirir equipamentos de reabilitação e realizar capacitações e conscientização acerca da temática. A construção do Centro TEA também está fixado no Plano Municipal de Ações para Pessoas com Deficiência, da SMPED.
Por meio de reuniões constantes com munícipes que ansiavam por uma qualidade de vida melhor para pessoas com autismo e de estudos incessantes da área técnica da SMPED, foi entendido a necessidade de criar um espaço de convivência onde irá atender suas necessidades a curto e longo prazo.
O equipamento, que é pioneiro na América Latina, será construído em um área de 5.000 m². Vale dizer que ele não será uma Clínica Escola, uma vez que a rede municipal já possui os serviços destinados às pessoas com TEA, como, por exemplo, o Centro Especializado em Reabilitação (CER) e o serviço da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo de São Paulo atenderá crianças, jovens, adultos e idosos. A faixa etária inicial para receber a assistência do espaço será a de 6 (seis) anos, sendo que o Centro TEA priorizará os três últimos grupos em reconhecimento à menor atenção que muitas vezes recebem — e buscando lhes proporcionar um acompanhamento digno ao longo de suas vidas.
“Os pequenos estão na saúde, na educação, com um trabalho de inclusão. No trabalho a gente pensa no empreendedorismo com as mães, mas e os jovens com 17, 18, 20, 30 anos, o que eles fazem? Eles não fazem, mas agora eles vão fazer. Eles serão acolhidos, serão recebidos com seus familiares. As mães pedem socorro. Nós estamos com a nossa saúde mental no limite pois não é fácil”, disse a secretária da Pessoa com Deficiência, Silvia Grecco. “Vamos pensar em todos os detalhes. Vamos olhar para as mães, pensar no empreendedorismo, ter um espaço de coworking para que as mães possam fazer algo enquanto os filhos participam das atividades”, completou.
A SMPED será a gestora do equipamento. Após alguns estudos, está previsto que, para os primeiros seis meses em fase piloto, o Centro TEA receba cerca de 1.000 pessoas por dia e realize uma média de 20 mil atendimentos por mês, entre pessoas com autismo e seus familiares. Além disso, há um estudo em colaboração com a rede municipal para definir como será a porta de entrada desses atendimentos.
“Esse é um sonho que nós sonhamos há muitos anos. O Centro TEA vai tornar visível os nossos filhos que são invisíveis”, contou Daniela Foroni, do Azuis da Leste, projeto que presta assistência a mães de crianças, jovens e adultos com deficiência na Zona Leste.
As atividades que serão oferecidas estão divididas em cinco eixos estratégicos: Cultura, Esportes, Trabalho e Empreendedorismo, Cursos de Formação e Bem-estar e Autonomia Social.
O primeiro eixo, o de Cultura, será o alicerce para a promoção da expressão artística e cultural, incentivando a criatividade e a apreciação das diversas formas de manifestação artística. Serão oferecidas oficinas de música, dança, teatro, pintura e outras atividades que permitam a expressão individual e coletiva, enriquecendo o repertório cultural dos usuários e promovendo a inclusão por meio da arte.
Por meio do eixo dos Esportes, visamos promover a saúde física e mental, além de estimular o trabalho em equipe e a quebra de barreiras. Serão oferecidas atividades esportivas adequadas às necessidades individuais, proporcionando um ambiente inclusivo onde todos possam participar e se desenvolver. O Centro incentivará a prática de modalidades como natação, atletismo, futebol, entre outros.
O eixo do Bem-estar e Autonomia Social visa promover o equilíbrio emocional e o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais para a vida em sociedade. Serão oferecidas atividades que proporcionarão um espaço seguro para o compartilhamento de experiências e o fortalecimento dos vínculos sociais, contribuindo para o desenvolvimento de uma autonomia plena, melhor qualidade de vida e preparando-os para os desafios da vida adulta. Como por exemplo, treinamento em autonomia pessoal em que serão oferecidas sessões de treinamento prático em habilidade da vida diária: cuidados pessoais, higiene, preparação de refeições simples, utilização do transporte público e gerenciamento financeiro básico.
Os Cursos de Formação tem como objetivo proporcionar oportunidades de aprendizado e desenvolvimento pessoal, oferecendo capacitações em diversas áreas do conhecimento. Serão ministrados cursos de idiomas, informática, habilidades sociais, entre outros, com o intuito de ampliar os horizontes dos usuários e fortalecer sua autoconfiança.
O eixo do Trabalho e Empreendedorismo visa capacitar os atendidos para o mercado de trabalho e estimular o desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Serão oferecidos programas de capacitação profissional, estágios e oportunidades de emprego, além de incentivar o desenvolvimento de projetos empreendedores, possibilitando a autonomiafinanceira e a inserção social de quem está no espectro.
Por fim, elencamos também o espaço de coworking e networking do Centro TEA, no qual ocorrerão algumas das diversas atividades e ações para o público com autismo, seus familiares e seus acompanhantes. O espaço de coworking e networking será um ambiente físico com diversas mesas de trabalho compartilhadas, estações individuais, salas de reunião e áreas de convivência — todas equipadas com os melhores recursos e internet de alta velocidade. Haverá certa flexibilidade em termos de horários, a fim de que todas as necessidades dos usuários sejam atendidas. Afinal de contas, o objetivo do espaço de coworking e networking é justamente o de criar uma comunidade colaborativa na qual profissionais de diversas áreas possam interagir e trocar oportunidades de negócios em meio aos eventos, workshops e atividades de networking programados pelo Centro TEA. Em outras palavras, o espaço será um ambiente de trabalho produtivo e motivador, que instigará a criatividade, a inovação e o foco nos projetos profissionais e pessoais.
‘’O Espectro de um Artista’’, por Rio SoraAssim é chamada a primeira exposição coletiva que o filho de Luciana Campos (estilista, ilustradora e diretora de imagem) e Robson Higa (diretor de arte) apresentou na 4ª edição do Sem Barreiras - Festival de Artistas com Deficiência, promovido pela SMPED. O projeto audiovisual foi desenvolvido para falar do olhar da criança para a cidade de São Paulo e o da cidade para uma pessoa com autismo.
Rio de rio e Sora de céu em japonês, Rio do Céu, ou apenas Rio Sora. Uma criança de seis anos que aos dois foi diagnosticada no espectro. Rio tem sensibilidade auditiva e muita sensibilidade para entender o mundo através das formas de arte, e foi assim entre um e dois anos que começou a mergulhar na imaginação da arte com o estímulo de seus pais.
Com materiais passados de sua mãe, como por exemplo o E.V.A (espuma sintética usada em material escolar, artesanato e outros), o pequeno explorava o alfabeto, em seguida surgiu o anseio por novas formas, e então ele começou sua reprodução de imagens por meio deste material e, em seguida, na lousa.
Em seu ateliê, em casa, localizado no bairro do Cambuci — região de muitos artistas e grafiteiros — passa grande parte de seu tempo ‘’brincando’’ de fazer arte. Seja em paredes, telas, pedaços de papelão ou até mesmo no portão de casa com um giz, marca registrada em seus vídeos na sua rede social (@rio_sora_). Rio está no primeiro ano do ensinofundamental e faz nove horas semanais de terapia.
Rio será o responsável por construir a identidade visual do 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo.
‘’Arte é bom demais, melhor terapia da vida para coordenação, aprendizado e evoluçãohumana’’, exalta Luciana.
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FONTE: Site da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de São Paulo
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